terça-feira, 23 de junho de 2009

El Tren de la Muerte


O trem da morte merece o nome que tem. Não é nada higiênico, as pessoas fraudam a venda das passagens e ele balança como um pula-pula de parque de diversões. Chegamos ao terminal de Puerto Quijarro aproximadamente às 16:00 (dia 21), para sair na meia hora seguinte. Fomos na categoria Super Pullman, a melhorzinha. Porém, ainda assim, sentimos o cansaço de 17h de viagem desde Puerto Quijarro até Santa Cruz de la Sierra. Eu sabia que iam ser muitas horas de viagem nada confortável, então, tratei de ter paciência e conversar com algumas pessoas ao redor. Comecei com uma moça que estava viajando com dois filhos. Lhe perguntei se na viagem inteira iria tocar no trem um determinado tipo de música. Músicas rancheras, em sua maioria. Bem me lembro que durante a viagem foram tocadas três vezes a música ME ENCANTAS de Pedro Fernández. Então ela me disse que à noite seria exibido um filme. Nossa! E que filme! Anaconda! Por amor de Dios! Um trem cheio de crianças vendo um filme monstruoso em todos os sentidos. Coloquei meus fones no ouvido e tentei me imaginar na barraca ENFERMEIROS DE PLANTÃO, no Mossoró Cidade Junina, bebendo aquela cerveja. A verdade é que a viagem inteira foi um exercício de controle mental e físico, porque por 17h eu consegui não utilizar o banheiro. Primeiro, pela falta de higiene, segundo, porque o trem balançava tanto que era capaz de eu sair de lá banhada de mijo alheio. Comer... Eu só comi os biscoitos que a gente tinha trazido do Brasil. Nada de majadito, nada de limonada fría, nada de pollo... Aliás, apenas a Danielle que teve a suprema coragem de comer um frango à milanesa banhado de óleo com arroz e salada, no vagão do restaurante. Poxa, eu me senti numa musica do Matanza naquele trem do caralho. Também fiz amizade com uma boliviana que é casada com um sírio mas viveram no Brasil até então. Ela me disse que os caras da bilheteria dizem que não tem mais passagem para, nas paradas, empurrarem gente clandestinamente e ficarem com o dinheiro, uma vez que o caixa já foi fechado. Uma das piores cenas do trem foi uma menina sendo puxada pela cabeça às pressas, para subir, mostrando que aquela parada não correspondia a uma plataforma, corroborando a tese da fraude. A gente viu isso depois que saímos do vagão restaurante. É bastante arriscado passar de um vagão pra outro. Você tem a impressão de que o trem vai descarrilar a qualquer minuto. Para se ter uma ideia da putaria, os filhos da moça com quem conversei primeiro, faziam xixi em saquinhos que ela amarrava e guardava. O David e a Danielle ainda usaram o banheiro. Eu usei a meditação. Hehehehe... 17h sem banheiro! Um troféu para mim! Ainda morro de rir com a Danielle imitando o guri vendendo "limonada fría". E eu fui tirar uma onda lá atrás (porque ficamos meio longe no vagão), imitando uma mulher que vendia laranja, aí eu comecei: "hay naranja..." quando a Danielle me disse que ela estava atrás de mim... Hehehehe... Foi muita resenha... Porém, contudo, todavia, AMO MUITO TUDO ISSO...

A PIOR RESENHA DO TREM, em homenagem a Danielle: um cara, parecido com o Maradona quando tinha os cabelos grandes, assoou o nariz daquele jeito e usou o mesmo lenço pra limpar o rosto! Teve gente que quase morreu quando viu... Hahahaha...

3 comentários:

Heitor disse...

acompanhando! se cuida. :D

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Esse filme foi uma piada. kkkkkk